Leve-me ao seu Líder

11/05/2017

Mães, coragem!

Filed under: Sobre o título — by janainam @ 19:12

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Ana engravidou numa festa de carnaval, uma única noite com um desconhecido. Júlia ficou grávida de um homem casado, era o homem dos seus sonhos, só não estava disponível. Emília fez uma fertilização in vitro com sêmen de doador anônimo, já estava beirando os 40 e decidiu bancar uma produção independente. Débora engravidou do namorado, mas ele entrou em crise e o namoro acabou antes do nascimento do bebê. Marta era casada, mas reencontrou uma paixão antiga e, mesmo grávida, largou tudo para viver um novo amor. Amanda descobriu a traição do marido durante a gravidez e, de coração partido, deixou para pensar no assunto em outra ocasião. Bela deu à luz um lindo menino e em algumas semanas percebeu que ele era diferente. Um diagnóstico confiável só foi possível após uma peregrinação por consultórios e exames que levou anos.

Eu inventei os nomes, mas todas essas histórias são verdadeiras. Ainda assim (ainda que a vida prove diariamente ser muito mais ampla do que uma propaganda de margarina), maternidade e gravidez são temas em que os clichês mais pesam sobre as mulheres. Por isso, tantas sofrem em silêncio nesse tempo único da vida. A pressão por estar num relacionamento consolidado, com alguém comprometido, apaixonando e protetor; a obrigação de dar conta do trabalho, mesmo sem dormir ou com enjôo; a imposição de ficar em forma; o dever de gerar filhos perfeitos – só pra listar o básico. Mas essa não é uma história de roteiro único. A realidade é muito mais diversa do que o que cabe no pacote. Ainda bem, porque isso nos torna mães melhores, pessoas melhores, capazes de mais empatia e compaixão.

Gostaria que as mulheres, mesmo experenciando desafios impensados para esse período, não sofressem além da conta, oprimidas por essa avalanche de clichês e que pudessem lembrar de uma parte preciosa da história: a transformação que atravessamos; a sensação indescritível de nos descobrirmos parte da força criadora do universo; a percepção do feminino, num sentido transcendental. Arrisco dizer que isso independe do contexto em que nos encontramos.

Eu me lembro da primeira vez em que vi minha filha. Uma pequena pessoa inteira, que há um segundo era um pedaço do meu próprio corpo. Ela estava ali, outro ser, pronta. E eu que tinha feito. Como definiu lindamente Eliane Brum: eu me senti uma deusa! Eu era parte da força criadora do universo!

Contam que quando eu nasci, enquanto minha mãe era levada para a sala de parto, ouvia-se a música de abertura da novela Irmãos Coragem. Sempre me impressionou esse fundo musical, considerando que a maternidade para minha mãe não foi nada clichê. Era como um presságio (uma maldição ou uma benção?), que dizia: “Irmão! É preciso coragem!”. Por muito tempo me perguntei se essa mensagem era para ela ou para mim. Hoje penso que foi para as duas. “Coragem! Que a vida é viagem, destino do amor…”

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