Silêncio de grilo no mato. Silêncio de carro passando na rua. Silêncio da casa rangendo, do gancho da rede, cachorro do vizinho que latiu.
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Silêncio que grita, que esperneia e duvida, silêncio de esperança vazia. Silêncio agressivo, que afasta, que fecha a porta. Silêncio quente de coração ferido, silêncio frio de desdém. Silêncio que cala, que engole, entuba. Silêncio que desrespeita, que castiga. Silencio que chora, silêncio que debocha. Silêncio que é mágoa, silêncio que quer magoar. Silêncio que treme, silêncio de escuridão e desespero. Silêncio de medo e de solidão. Silêncio de fuga, silêncio de si.
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Silêncio de quem reza. Silêncio de quem lê. Silêncio que é escuta, silêncio generoso, silêncio em prece. Silêncio paciente, de sabedoria e intuição, silêncio que espera. Silêncio que desconhece e não teme. Silêncio que observa e nada conclui. Silêncio que não sabe, porque ninguém sabe. Silêncio que desiste, silêncio que aceita.
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Silêncio que olha. Silêncio que vê. Silêncio que aprende, curioso. Silêncio leve, de vento no rosto, de calor do sol no corpo. Silêncio que aprecia. Silêncio de quem cozinha, de quem escreve, de quem descansa. Silêncio de quem viaja. Silêncio fértil, que brota. Silêncio de todo dia, de deveres cumpridos e mente tranquila. Silêncio que entende, que perdoa. Silêncio que liberta.
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Silêncio de grilo no mato. Silêncio de carro passando na rua. Silêncio da casa rangendo, do gancho da rede, cachorro do vizinho que latiu.
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